quinta-feira, 13 de novembro de 2008

IMAGINAÇÃO E CONTROLE

O controle não é apenas incompatível com a imaginação. É inimigo! Um expulsa o outro...

Essa frase é um grito contra a ditadura do controle, que mata a imaginação, sempre que com ela confrontado. É impressionante como nossa sociedade mergulhou nessa tara do controle. Para tudo, existem regras. E regras são boas, quando criadas para colocar ordem no caos, para gerar justiça social, para facilitar processos que seriam complexos.

Mas hoje em dia, neste mercado competitivo repleto de ISO 9000 e outros sistemas de controle, se você piscar, é engolido pelas regras. E transforma-se num robô.

Esses sistemas de controle surgiram, na verdade, como uma alternativa para a falta de inteligência que domina os grandes empreendimentos. Gente mal preparada, com pouca ou nenhuma condição de tomar decisões, de praticar julgamentos, precisa ser controlada. Imagine aqui no Brasil, onde comprovadamente 75% da população não entende o que lê, onde a maioria dos treinamentos nas empresas são mal traduzidos de realidades distintas da nossa e ministrados por gente que não sabe o que está ensinando...

Esses processos de controle têm como objetivo colocar as pessoas nos trilhos. Estabelecer limites. Criar rotinas imunes à erros. O que é muito bom para quem pilota uma máquina de fazer parafusos, mas um desastre para processos que lidam com relacionamentos e percepções. São esses controles, que matam a imaginação, os responsáveis pela perpetuação da mediocridade.

O resultado é um exército gigantesco de gente não comprometida, não capacitada. Gente formada para ser robô, capaz de repetir até a exaustão os mesmos processos controlados, sem entender o que faz. Gente que raramente pensa. E quando pensa, é punida pelos controles. O garoto ou menina de 20 anos é contratado. E recebe a recomendação:

- Você vai trabalhar aqui. Siga o script. Faça como está escrito. E não saia fora disso. Ou o auditor da ISO te pega!! Entendeu? Ah, e aproveita e inova, tá?

O controle é inimigo da imaginação.

Luciano Pires

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