quarta-feira, 4 de junho de 2008

O TYPHIS PERNAMBUCANO

De repente, Pernambuco se tornou a Argentina dos anos 60. Vanderley Luxemburgo diz que tem medo de jogar em Recife. Abel Braga exclama sobre a nossa prostituição. O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, deseja retirar os jogos do nosso Estado. Rubens Lopes que assistiu ao conflito no jogo Náutico x Botafogo ali perto. Na Austrália.

Tudo curiosamente depois das derrotas dos seus clubes. Tudo no dia 2 de junho. Dia em que se completam 184 anos da Confederação do Equador.

O futebol brasileiro foi tomado por uma aura de santidade nunca vista. Jamais houve quebra pau entre Polícia Militar e torcida em Porto Alegre. Na Batalha dos Aflitos os jogadores do Grêmio não chutaram o árbitro. A PM de São Pulo não evitou um desastre no jogo Corinthians e River Plate quando os torcedores ameaçaram invadir o campo.

São Januário não presenciou cenas dantescas na partida entre Vasco e Sport. O Maracanã nunca foi invadido. Nunca teve mortos na quebra de grades de proteção. Nunca antes na história deste país um estádio assistiu a confusões entre jogadores e polícia.

O Brasil não tem prostitutas. O Brasil não tem marginais. O Brasil não tem violência. O Brasil não tem desigualdade social. O Brasil é um oásis de felicidade e desenvolvimento na América Latina. Exceto por uma chaga. Exceto por uma ovelha negra. Exceto por uma pústula: o Estado de Pernambuco.

O resto do Brasil esqueceu. Pois a amnésia é abundante nesta terra que tudo dá. Mas Pernambuco não se rende. Nunca se rendeu. Nem em 1817. Nem em 1824. Nem hoje. As manobras que tecem nos bastidores do futebol brasileiro são mesquinhas. São injustas. São fratricidas.

O Estado de Pernambuco é muito maior que as calúnias de Vanderley Luxemburgo, Abel Braga, Bebeto de Freitas e Rubens Lopes. Muito maior que um jogo de futebol. Pernambuco é mais que um Estado. É um sentimento. Uma saudade. E o nosso amor por Pernambuco não está à venda. Não tem preço.

Mesmo nesse tempo de trevas esportivas. Tempos em que cabe recordar os versos de Camões que constavam do jornal Typhis Pernambucano, editado por Frei Caneca: “Uma nuvem que os ares escurece sobre nossas cabeças aparece.”

Roberto Vieira é médico e colaborador do Nauticonet

Um comentário:

Anônimo disse...

Né danado! Pensando bem, do jeito que vai a vida naquela região, não é pra menos que estejam enlouquecendo. Vamos dar uma diferença. O hospício é mais embaixo, né não?