quarta-feira, 5 de março de 2008

O JORNALISMO TAPIOCA

O Unibanco tem 700 fiscais da Receita como clientes. Os fiscais organizaram uma festa de final de ano e o banco resolveu fazer um trabalho de marketing junto aos seus clientes, bancando R$ 30 mil.Aí virou escândalo na “Folha” (clique aqui).

Era dinheiro voando para todo lado:

Com a ajuda, segundo as entidades, o custo dos convites à festa foi barateado. Sem o apoio, dizem, custaria cerca de R$ 100, mas saiu por R$ 40. A Receita diz que a administração do órgão não participou da organização da festa.

A matéria dava o “outro lado”:

Servidores que ajudaram a organizar o evento informaram que a contribuição do Unibanco foi voluntária e ocorreu devido ao relacionamento entre empregados das duas instituições -os R$ 30 mil foram repassados diretamente ao clube-, já que uma parte dos funcionários da Receita Federal em São Paulo já recebe salário em conta no Unibanco.

Se um banco paga R$ 30 mil por uma ação de marketing, a maior prova de que era de fato para uma ação de marketing é conferir se houve a ação de marketing. Ou não? Mas diz a matéria:

Alguns fiscais relataram à Folha que estranharam a ação agressiva de marketing do Unibanco no evento. Além de faixas com nomes de produtos do banco, havia no meio da festa um zepelim (balão dirigível) conduzido de mesa em mesa. O banco distribuiu brindes e fotos aos servidores.

Mais ainda:

O que chamou a atenção de auditores foi que, um mês após a festa, funcionários do Unibanco começaram a visitá-los em seus locais de trabalho para vender produtos e serviços. Um desses locais foi a sede da Deinf (Delegacia Especial de Instituições Financeiras) da Receita Federal em São Paulo.

E para conferir um ar de gravidade à “denúncia”, só faltava um...

Auditores fiscais que preferem não se identificar por temerem represálias afirmam que não é possível o fiscalizado ter tal proximidade com o órgão fiscalizador.E levantam a questão da licitação (para uma doação de R$ 30 mil):

Por e-mail, esses auditores questionam as contribuições. Por que não abriram o patrocínio para outros bancos e empresas?

Ora, o Unibanco já tinha 700 clientes lá. E para dar volume à denúncia, entra a questão das folhas de salários dos funcionários públicos, que nada tinha a ver com a questão:

Funcionários da organização da festa, entretanto, afirmam que os bancos estão de olho no filão da folha de pagamentos dos servidores federais, que anteriormente recebiam seus salários somente por meio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

E pensa que foi festa pequena?

Outro e-mail relata que a festa foi no salão principal do Sírio, durou até as 4h da manhã, com 500 pessoas, não havia mesa para todos e alguns comeram até em pé".

Só faltou informar que foram servidas tapiocas na reunião.

Luis Nassif

Um comentário:

Anônimo disse...

A folha de pagamento da empresa em que trabalho é do Unibanco. Só que em vez de 700 correntistas aqui são quase 7 mil funcionários (ou seja, um mercado bem maior e promissor para oferecer produtos), mas esse banco nunca mandou nem um cartãozinho de Natal sequer...