Neste Natal, só me dei um presente: uma trituradora de papéis. Ela é
excelente. Tritura até 7 folhas por vez e ainda cartões de crédito, CD’s
etc. Ainda tem “função reversa”. Nos últimos 5 dias, já destruí mais
papelada do que nos últimos 5 anos somados. E posso dizer, é uma
experiência absolutamente libertadora.
“Shiva é o terceiro deus da Trindade Hinduísta. Conta-se que Brahma
criou o Universo; Vishnu o sustentou por um dia de Brahma (4 trilhões de
anos terrestres) e no seu término Shiva o destruiu para que pudesse ser
novamente criado (a ideia de renovação cíclica da vida).”
Temos o conceito fortemente estabelecido de que perder alguma coisa é
ruim. Para falar a verdade, sempre achei graça dos gregos quebrando
pratos ou dos tibetanos destruindo aquelas mandalas de areia que demoram
meses sendo desenhadas. Mas o quão sábio não é isso? Há um forte teor
de desapego nisso tudo. Como li em um desses e-mails que as tias mandam pr’a gente, “é preciso jogar coisas velhas fora, abrindo espaço para que as novas apareçam“. Lembra do lindo filme ‘Up‘ da Pixar? E daquela história do peso da mochila, de ‘Up in the Air‘?
Por isso, hoje temos toda uma filosofia do minimalismo ganhando força. Blogs como o Zen Habits, o Becoming Minimalist ou o mnmlist
falam muito bem sobre o assunto. Nós não somos as coisas que temos. Nós
não precisamos de tanta coisa assim. No Discovery Home&Health, há
um programa chamado “Acumuladores“.
Um programa mais triste do que curioso. O pior é que, em certo teor,
estamos todos contraíndo esse distúrbio do acumulo compulsivo. Somando,
querendo, juntando.
Minha proposta para você, nessa última semana vazia e fantasmagórica
do ano: desfaça-se. Separe toda aquela papelada que você nunca mais
usará e destrua. Separe as roupas que não lhe servem mais e doe para a
comunidade carente mais próxima ou para uma instituição necessitada. Doe
essa pilha de livros que só faz pegar poeira. “Zere” seus pendrives, apague mensagens desnecessárias, delete sem dó aqueles e-mails
marcados com estrelinhas que você nunca responderá. Desista do “produto
abacaxi”. Quebre o porquinho e invista em algo útil. Livre-se. Descubra
o que realmente é necessário e fique com pouco.
A chuva de papel picado do último dia útil, cada vez mais em desuso,
nunca fez tanto sentido. Tenha uma ótima destruição você também. E uma
reconstrução mais inspirada ainda.
P.S.: Sabe aquele papo de Calendário Maia? Doomsday
de 2012? Fique muito tranqüilo. A destruição prevista não será como os
filmes de Hollywood pregam. Será um ponto final em nosso modelo errôneo e
paradigmático de ver as coisas. Muita coisa mudará. Para melhor. Pode
acreditar.
2 comentários:
Eita! Bom pra você esse texto =D Todos nós temos algo a "destruir" e consequentemente "construir" novamente. Vou tentar fazer pelo menos 50% do discurso ao lado. Beijo.
Concordo, Vivi! Você acertou em cheio no post e na atitude. Renovação = Renove com ação :)
Feliz 2012 para vc
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