Freqüentemente, confundimos amor com carência. Deixamos essa sensação de vazio e solidão ocupar nosso coração de tal forma e com tal intensidade que perdemos a referência dos nossos mais profundos sentimentos.
No entanto, fiquei pensando num antídoto para esses enganos e não me veio nada melhor que a palavra “dignidade”! Palavra essa que tem a ver com honra, amor-próprio, respeito, enfim, autoridade para amar!
É isso: que tenhamos autoridade para amar!!! Porque usar as dificuldades de uma relação para rapidamente ocuparmos o papel de vítimas é o que temos feito quase sempre. Mas nos falta coragem para admitir nossas limitações, para conseguir reconhecer o outro como um mestre, um espelho de nós mesmos.
Porém, esquecemos que da mesma forma que esse espelho nos mostra nossas feridas e dores, nossos buracos e medos... da mesma forma que ele escancara nossa insegurança e muitas de nossas máscaras... ele também nos mostra nossas qualidades, nossa sabedoria, nossos dons e brilho pessoal.
É no exercício de amar e compartilhar o que temos de mais íntimo, que podemos perceber quem realmente somos, desde que estejamos dispostos a nos olhar, a nos conhecer e nos reconhecer exatamente como somos. A partir de então, podemos iniciar um processo de transformação, de autotransmutação.
Essa é a grande magia do amor. É a alquimia do coração! Muito mais importante do que ficarmos o tempo todo fazendo questionamentos sobre os conceitos e as regras do amor, é a oportunidade que temos de compreender a força e o poder contidos no momento presente, no agora!
Portanto, sugiro que você relaxe e pare de se preocupar com perguntas como “será que encontrei minha alma gêmea?”, “será que vai dar certo?”, “será que devo me expor, ser sincera e mostrar o que sinto?”. Chega de tantas suposições para amar! Chega de buscarmos tantos motivos, tantas respostas, tantas garantias...
Que possamos simplesmente nos deixar absorver pelo que a vida está nos oferecendo neste instante; que possamos nos agarrar à preciosa chance de nos encontrarmos, de finalmente enxergarmos a nossa própria alma através do amor, do que o outro se torna em nossas vidas.
É a intensidade com que você vive que faz a sua vida realmente valer a pena! É a sua decisão de acreditar que o seu poder pessoal está dentro de você – e nunca no outro – que faz com que o amor se transforme num caminho para a sua evolução e não num jogo onde ganha quem está “sempre por cima”...
Isso é uma grande perda de tempo! Um enorme desperdício de energia, sentimento e possibilidades. Olhe para o outro e enxergue nele, de uma vez por todas, o amor que você tem para dar, a alegria que você pode proporcionar, o encanto que brilha em sua essência.
Tudo, absolutamente tudo, inclusive o amor, acontece de dentro pra fora! Mas enquanto você insistir em atribuir à vida, ao outro ou à relação tudo o que você sente de bom ou de ruim, nada terá sido verdadeiramente seu...
Dê dignidade ao seu amor, assim como a tudo que faz parte de você. Seja a sua dor, o seu desespero, a sua falta de autoconfiança, o seu medo de não conseguir... Não importa: que você seja digno enquanto chora e enquanto ri. Enquanto ama e enquanto perde o seu amor. Que você possa ter autoridade sobre seu coração durante todos os dias de sua vida, porque depois dos momentos mais difíceis que você passar, restará apenas isso: a sua dignidade e, sobretudo, a sua capacidade de recomeçar e amar novamente... sempre de uma maneira nova, mais inteira, mais você!
Rosana Braga
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