Certa tarde, conta uma antiga história sufi, Nasrudin tomava chá e conversava com um amigo sobre a vida e o amor.
“Por que você nunca se casou, Nasrudin?”, perguntou o amigo.
“Bem”, respondeu, Nasrudin, “para dizer a verdade, passei toda a minha juventude a procurar a mulher perfeita. No Cairo conheci uma moça linda e inteligente, com olhos que pareciam olivas pretas, mas ela não era muito cortês. Depois, em Bagdá, conheci uma mulher de alma generosa e amiga, mas não tínhamos muitos interesses em comum. Muitas mulheres passaram pela minha vida, mas em cada uma delas faltava alguma coisa, ou alguma coisa estava demais.
Então, um dia, eu a conheci. Era linda, inteligente, generosa e bem-educada. Tínhamos tudo em comum. Na verdade, ela era perfeita”.
“E então”, replicou o amigo de Nasrudin, “o que aconteceu? Por que você não se casou com ela?”
Pensativo, Nasrudin sorveu mais um gole de chá e concluiu: “Infelizmente, parece que ela estava a procura do homem perfeito.”
Autor desconhecido
Um comentário:
A desilusão com a mitologia começou a se delinear seis séculos antes de Cristo, aproximadamente. Dizque foi um tal de Tales de Mileto que encabeçou a coisa. Assim, surgiu a filosofia que opõe à fantasia a lógica, desmitificando, por extensão, qualquer tipo de formulação religiosa ou, mais precisamente, oriunda da revelação. No terreno dos relacionamentos amorosos e/ou sexuais ainda não conseguimos o mesmo. Podemos dizer que, nesse âmbito, saímos da pré-história. A desmitificação nesse terreno só se dará quando a maioria da população se dispuser a ler, no sentido mesmo de estudo, alguns livros que contribuem para esse fim. Vou aconselhar um: A CAMA NA VARANDA de Regina Navarro Lins, e sejam bem-vindos à idade contemporânea.
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