O filme "Lula, o filho do Brasil", sendo uma história real (apesar de estar na ficção), o que se conclui é que o operário Luiz Inácio vai caindo por acaso nas coisas. E o que o forjou na caminhada para os dias atuais foi o fato de ser, sobretudo, um comunicador. Conhecendo a fundo os operários do chão de fábrica, ele soube exatamente como se comunicar, diferentemente dos sindicalistas de então. Repetida e ampliada a fórmula, é hoje o mestre da comunicação, cativando quem quer que seja. Basta conhecer um pouco do público para o qual vai falar, que adula em cheio o ouvido do expectador. O filme mostra que Lula não tinha ideias a defender, nem queria defender nada, caiu de paraquedas na política. Aliás, como mostra o filme, ao invés de debater no sindicato ele preferia assistir a novelas. Daí porque o nome do filme é mais do que adequado : é um homem gerado pelas circunstâncias, fruto das desigualdades, filho de um país com imensas diferenças. E é uma virtude, num país com tantas classes, que alguém conseguisse falar e ser ouvido por todos. Eis o grande mérito de Lula. No filme, isso fica claro quando Lula, diante dos operários revoltados, diz que não se pode brigar com os patrões, "porque são eles que pagam os salários". Lula é, assim, um transigente; incrivelmente capaz de fazer acordos. Quanto ao melodrama, que faria (e faz) as pessoas chorarem, é fato que ele existe (pois realmente sua vida tem seus dramas), mas poderia ser mais carregado nas tintas, fato que revela louvável pudor do cineasta. A mensagem final é de que é possível, " - teime que dá certo". Não parece que vai ajudar em nada sua candidata à presidência, exceto pelo fato de que um santo homem irá apoiá-la. Santo, sim, porque sua figura, de mítica, vai passando a ser santificada. Outro não é o significado da cena dele carregado pelo povo, assim como são os santos nas procissões.
Migalhas 2.300
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