O que te causa surpresa, provoca espanto? Você continua o mesmo de sempre, ou mudou muito nos últimos anos?
O que te faz sorrir, o que te leva a chorar? As sensações são as mesmas de antes, ou será que algo mudou em teu íntimo?
Os sonhos que tinha, perderam a validade? Os sonhos que sonha, mantém a mesma gana de antes, ou perderam o viço e a sanidade?
O que te faz cidadão, o que levas na mão, além da bagagem do dia-a-dia, da garra e da vontade de rotina?
Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa, já dizia que viver é muito perigoso. Mas é dos perigos da vida que tiramos o gozo!
Você tem buscado o risco nas alturas, ou te basta a calma da planície? Tua voz continua alta, ou terá você moderado os gritos e a sandice da juventude?
Somos os mesmos de sempre, ou pioramos? Melhoramos na forma, ou apenas mudamos o vasilhame? A essência da vida, onde se esconde? Carrega nome e sobrenome, ou sequer endereço possui, como uma garrafa jogada na enchente?
Viver é muito perigoso. Mas é dos perigos da vida que tiramos o gozo.
Se não há tempo para abraços, nem motivos para choro, de que alimento tem vivido tua fúria? Com que líquido tens regado tua bravura?
Viver é muito perigoso, mas se não sabemos da verdade o caminho, para onde caminhamos, e por quê o fazemos, muita vez, sozinho?
Riobaldo já dizia: "Viver é muito perigoso... querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar".
Somos o avesso e o disposto, o velho e o moço, a calma e o alvoroço.
Viver é muito perigoso. Mas nada a reclamar, a não ser viver - que o tempo cobra imposto...
Alexandre Pelegi, jornalista e consultor
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