quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MITOS E VERDADES EMPRESARIAIS


O termo “mito” é convencionalmente utilizado para definir narrativas cuja veracidade dá margem para questionamentos. E, mesmo correndo o risco de ser tida como subversiva, vou abordar alguns mitos empresariais.
O primeiro grande mito é: “A empresa é uma mãe”. Lamento o choque que isto possa causar, mas informo que nenhuma empresa é uma mãe. Mãe é aquela que o trouxe ao mundo, aquela que embala seu sono, prepara sua refeição, que cuida de você. A empresa não tem que cuidar de você. Ela te contrata. É uma relação totalmente comercial. A organização paga pelo serviço que você presta, inclusive, se você quiser manter o cliente, faça-o muito bem.
Se as pessoas sempre mantivessem com a empresa uma relação baseada no contrato de trabalho, ninguém nutriria qualquer tipo de apego à empresa. Sem apego, sem paixão, sem mágoa, culpa, ressentimento, ou, até mesmo, ódio. Não há emoção e, não havendo emoção, tudo começa e termina com naturalidade.
Outro mito é “Somos uma grande família”. Você já demitiu um primo? Aquele irmão incompetente e dependente? Não. É claro que não. Porque não se pode desligar um parente. Se pudesse, muitos por aí já teriam feito uma verdadeira limpeza. Tolera-se muito por que, inevitavelmente, aquele sujeito é seu parente. Você pode até passar a ignorá-lo, mas nunca desfazer o vínculo que tem com ele.
Na empresa ninguém é obrigado a tolerar ninguém. Pessoas que não correspondem à expectativa da empresa acabam por serem desligadas. Portanto, não se iluda. A empresa é seu contratante, não é sua família.
Outro mito derivado deste é aquele que diz “Meu chefe é um pai para mim”. Sei que isto pode ser outro choque para você, mas preciso dizer: seu chefe não é seu pai. Ou se for, ele é daqueles que vai te colocar para fora de casa sem o menor remorso caso você não corresponda à expectativa dele.
“Aqui sinto-me em casa”. Este é outro grande mito. Quer uma sugestão? Não se sinta em casa, porque você pode ser despejado. Em casa você faz o que quer, na hora que quer. No trabalho você não pode nem se vestir como gostaria, a menos que se encaixe dentro dos padrões tidos como “profissionais”. Na empresa você muitas vezes nem escolhe a hora que vai comer. Então, esqueça! A empresa não é sua casa, portanto, não se vista e nem se comporte como tal.
“Meus amigos da empresa”. No local de trabalho, raramente se faz amizades. E, se acontece, é um caso ou outro. Na grande maioria, as pessoas que o cercam não passam de seus colegas de trabalho. Portanto, para evitar problemas, não faça confidências sobre aquele chefe que você odeia, ou sobre a política de salários que a organização adota. Caso contrário, você pode vir a descobrir da pior forma possível que aquele “amigo”, não é tão apegado a você quanto você a ele.
“A empresa preocupa-se com minha qualidade de vida”. São pouquíssimas as empresas que têm uma preocupação genuína com seus funcionários. Em sua grande maioria, as empresas preocupam-se com seus índices de absenteísmo (faltas dos funcionários ao trabalho), ou com a sinistralidade do Seguro Saúde, que afeta diretamente os preços que ela paga à Seguradora. É olhando para estes números que são aprovados os programas de qualidade de vida.
“Meu trabalho será recompensado”. Sim, será. Mas se você também vestir-se e apresentar-se como a empresa espera, vender suas idéias e ações, relacionar-se bem com todos, participar de todas as ações da empresa,... Ufa! É tão simples que todos podemos observar: dentre os muitos que trabalham e dedicam-se, apenas alguns são reconhecidos. O que eles têm de especial? Postura, comportamento e relações interpessoais.
“A empresa preocupa-se com minha motivação”. Essa é uma verdade. Sim. A empresa preocupa-se com sua motivação. Mas não é por causa dos seus lindos olhos. A empresa tem esta preocupação porque sua motivação afeta diretamente seus resultados e ela está bem de olho neles, com certeza!
E existem muitas outras, mas antes de deixar o leitor desolado com tanta má notícia, prefiro lembrá-lo que o fato de algo não ser aquilo que imaginávamos ou gostaríamos, não quer dizer que seja pior. É simplesmente diferente. Ver a realidade de alguém ou algo faz com que nos relacionemos com isto de forma mais madura e equilibrada. Vale a pena tentar.

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