Em 1982, eu cobri a Guerra no Líbano. Em Beirute, a gente sabia sempre de que lado poderiam vir os tiros de franco-atiradores. No Rio de Janeiro, a gente nunca sabe de onde pode vir uma bala perdida.
A guerra carioca é mais perigosa. Beirute tinha uma divisão - a leste de uma linha verde havia as forças de um lado. A oeste, outra. Sabia-se onde se pisava. No Rio, entre linhas vermelhas e amarelas, há um arquipélago de territórios autônomos, comandados pelo tráfico e sem uma permanente presença do estado.
Incursões eventuais sempre provocam confrontos como os que se viu significativamente entre os bairros mundialmente famosos de Copacabana e Ipanema. A situação se alastra e a solução é difícil, porque foi crescendo, nas últimas décadas, sem que se tomassem providências estruturais.
Nos últimos anos, virou guerra. Em batalhas campais, morrem soldados. Em batalhas urbanas, morrem inocentes. Sobra para todos.
Alexandre Garcia
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