Procurando saber mais sobre esse tumulto no Cáucaso entre Geórgia e Rússia, dei de cara com este post no blog do Pedro Doria. Coisas que não acontecem no Brasil. Não. Desculpa. Acontecem sim, senhor. A cada segundo sabe-se de uma nova tragédia humana pelos confins dessa terra de ninguém. É a nossa guerra. Cada um com a sua. Mas, a deles é mais ou menos esta aí:
“Um jornalista brasileiro, meu amigo do peito, esteve na Ossétia anos atrás.
“Um jornalista brasileiro, meu amigo do peito, esteve na Ossétia anos atrás.
A situação estava tensa, com o Exército Russo dando proteção aos compatriotas e ossetianos amigos.
Junto com um colega europeu, acompanhando tropas russas que patrulhavam a área, ele se aventurou a pelos campos a procura de aldeias e notícias.
Loucos, esses jornalistas.
Enfim, lá pelas tantas os dois entraram em uma espécie de paraíso na terra, segundo suas palavras.
Um bosque de macieiras brilhando na paz absoluta de uma tardinha agradável.
No meio das macieiras, uma casa.
Uma casinha, modesta.
Dentro, o horror silencioso de um tipo de guerra que não sai nos jornais.
A casa estava vazia.
Seus habitantes tinham fugido dos milicianos georgianos deixando para trás suas terras, suas colheitas - e o avô.
O ancião estava deitado no quarto, olhando para o teto, em profunda solidão.
No único móvel do quarto, uma cesta de frutas.
Grande, generosa.
Como se os que partiram - e não levaram o velho, sabe Deus por que - estivessem pedindo : tratem bem dele, as frutas são prova de paz.
Pelo menos foi assim que meu amigo e o outro jornalista interpretaram tão insólito quadro.
Um pouco depois tropas russas chegaram ao local e socorreram o deixado para trás.
Não tem sangue, gente estripada, queimada por bombas, ou outras barbaridades de uma guerra ”normal”
Mas dói igual.
abs,
ma
ps- o oficial russo explicou que na maior parte das vezes a população daquela região tinha que abandonar suas casas ás pressas, com a roupa do corpo - e muitas vezes tinha que escolher em levar uma criança ou deixar um velho doente para trás.
Fugiam a pé. No máximo, uma carroça.
Se não fossem rápidos seriam fuzilados sem dó nem piedade.
Guerra.
Imagine o que está acontecendo em campos iguais aquele neste exato momento.
As maçãs vão apodrecer nas árvores”.
+++
Sorte aos brasileiros que vão disputar o ouro olímpico pela Geórgia. Tem uns três por lá!
Um comentário:
É uma das faces da tragédia humana. Da micro à macro, essa tragédia está sempre bem alimentada das formas mais inimagináveis. Um dos alimentos mais substanciosos é a globalização do capitalismo; o aprofundamento das diferenças de classes; a ambição para sobrepujar o próximo em riquezas materiais. Perdeu-se o sentido da vida; a noção de civilização. E aquele que deveria ser o sentimento mais difundido- o amor - perdeu lugar para o mais hediondo - o medo . Dormimos, sonhamos e acordamos com o medo. A vida virou um pesadelo. A guerra...a guerra está em nossas esquinas. O guerrilheiro nos espreita pelas frestas de nossa cidade. Mas quando ele não surgirá? Ninguém sabe. Só se sabe quando ele chega, em forma de assaltante, de estuprador, de assassino, a qualquer hora do dia, quando os noticiários nos comunicam. O capitalismo se globalizou...a guerra também. Disculpaí! Mas eu tô cum medo!
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