quinta-feira, 3 de julho de 2008

MÍDIA PERNAMBUcana ALIVIA PARA USINEIROS

O Ibama multou em R$ 5 milhões cada uma das 24 usinas de Pernambuco. Tem gente que tá chiando com a decisão, claro! Com certeza quem está bicudo não são os trabalhadores que cortam a cana. Quem está de cara feia são os usineiros e seus advogados - além de uma parte da mídia “pernambuCANA”.

O Diário de Pernambuco estampou em sua capa a notícia. Parabéns ao Diário, porque essa realmente é a manchete do dia (embora a matéria do DP pegue bem leve com os usineiros).

A Folha de Pernambuco, na versão impressa, falou de forma resumida sobre o caso, e deu matéria em sua versão online. Esse silêncio não é à tôa, visto que o proprietário mór do grupo dono da Folha PE, também é proprietário de terras. Inclusive me lembro que há alguns anos um editor do JC, Cícero Belmar, perdeu seu emprego por ter autorizado a publicação de matéria sobre a libertação de 1.200 trabalhadores pelo governo federal na fazenda de Eduardo de Queiroz Monteiro, líder do grupo que é dono da FolhaPE (leia sobre esse fato aqui).

O JC deu apenas uma pequena chamada em sua capa - lá em baixo, escondidinho, na sua versão impressa de hoje. Cabe lembrar que o dono do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, João Carlos Paes Mendonça, é amigo do dono da FolhaPE. É provável que JCPM não queira abalar sua relação com os proprietários de terras em Pernambuco, como aconteceu com Eduardo de Queiroz Monteiro.

Pelo que eu li nesses jornais, as matérias praticamente só expõem as alegações dos advogados de defesa dos usineiros (entre eles, Flávia Reis), além do presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha - obviamente, criticando a decisão do Ministério do Meio Ambiente. O JC publicou matérias sobre o tema em sua versão impressa.

Para enteder melhor a celeuma, leia matéria de ontem publicada neste blog, clicando aqui.

Considero uma decisão histórica essa multa. Há séculos que os produtores de cana (inicialmente donos de engenho, depois usineiros) estão associados às forças políticas dirigentes do país. Esses grandes latifundiários nunca tiveram muitos problemas com os governos. Desde que se instaurou o aparato burocrático português no período colonial, que os ‘favorecimentos’ e práticas clientelistas sempre foram o geral das decisões políticas no Brasil.

Nosso processo de colonização sempre aconteceu na base do “quero mais”. Ou seja, “dez pra mim, meio pra vocês”. Estou falando não apenas da expansão das áreas de cultivo da cana no Estado. Mas, também, das péssimas condições de trabalho a que estão submetidos os cortadores de cana.

Já era mais que hora de alguém que não fosse os menos favorecidos pagar o pato. E, os usineiros não toleram este tipo de medida sob hipótese alguma. Acreditam mesmo naquele velho mote dos tempos do monopólio político da ultra-direita conservadora, nos idos da ditadura militar: “Os ricos têm que ficar mais ricos para que os pobres, depois, fiquem menos pobres.”

Alguém tinha que fazer alguma coisa um dia contra os usineiros - que não apenas se acham os “donos do pedaço”, como o são, de fato!

E, estão esperneando contra o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Alguns colunistas de plantão até achincalham o ministro, dizendo que ele é bom marketeiro, mas que esqueceu de frequentar às aulas de História e Geografia.

Ora, se Minc faltou às aulas de História, isso pode ser visto como um bom sinal, porque assim ele saiu ileso do risco de se deixar acreditar nas grandes lorotas da História Oficial - o que parece não ter sido o caso de nossos colunistas-donos-da-Verdade.

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