quinta-feira, 8 de maio de 2008

FALA BAIXO!

Ontem descobri que a Courteney Cox, mais conhecida como a Monica de "Friends", foi a primeira pessoa a dizer "period" na tv norte-americana. O que há de marcante nisso? Simples: "period" é um sinônimo para "menstruação". Algo equivalente, vamos dizer, ao "regras" que minha vó falava.

Puxa, dizer "period" na tv é algo digno de nota? Desde que o mundo é mundo toda mulher passa por isso, todo mês – ou, aliás, o mundo não seria mundo e teria acabado logo-loguinho. Por que é tão "oooooh!" pronunciar o que acontece mensalmente em todo e qualquer lugar onde viva uma mocinha?

Além do mais, "period" é uma palavra simpática que significa um monte de outras coisas – até "ponto final". Já "menstruação", desculpem as femininas e feministas de plantão, é uma palavrinha desgostosa de dizer. Nada contra o processo que ela representa ou contra seu sentido, mas a sonoridade do vocábulo é meio assustadora.

Enfim, continuo sem saber porque é tão constrangedor falar sobre o tema. Digamos que sangrar pelas partes baixas não parece mesmo uma imagem muito agradável, mas garanto que não tem nada de mais. Ainda assim, boa parte das mulheres faz o possível e o impossível para disfarçar quando estão "naqueles dias" (olhaí: "naqueles dias" já é um modo de disfarçar o "período").

Quando a gente está no ginásio ou no colégio, então… Vixi. Parece preferível aparecer na escola com duas bolotas de ruge colorindo as bochechas (aos 15 anos) do que deixar alguém notar que você está menstruada.

Vale tudo: do blusão amarrado na cintura (e bronca da mãe depois, porque "estava estragando o uniforme amarrando assim, parece uma maloqueira, onde já se viu?") a táticas de guerra para passar os absorventes da mochila para o bolso sem que ninguém visse (ir ao banheiro com a bolsa é a maior pista).

As únicas pessoas nas quais você confia quando se é uma adolescente "de chico" (esse termo é quase pior que "menstruação" em si) são suas amigas que te escoltam até o banheiro. É para elas que você vira de costas depois de sair do reservado e dispara a invariável pergunta: "tá aparecendo?".

Tudo isso para fingir que aquilo que acontece naturalmente para todas as mulheres não se passa com você. Estranho, né?, fingir que você não é normal…

Quando eu "virei mocinha" (mais uma do vocabulário da minha vó), achei um baita saco. Agora tinha de carregar absorventes em carteiras próprias para isso (minha mãe, toda feliz, fez questão de providenciar), que tinham estampas duvidosas por fora (como a silhueta de passarinhos voando).

Quando ia para a praia, precisava armar o maior esquema ou ficar lá de short, que nem uma boba. Isso sem contar as tenebrosas cólicas que me assolavam - e assolam até hoje.

Anos de experiência depois, não acho nada demais nem nada de menos receber a visita mensal do "tio do interior" (a capacidade da população de criar eufemismos para o ciclo é mesmo impressionante!). É bom saber que está tudo bem por aqui. A única parte ruim mesmo são os contorcionismos do útero e as conseqüentes dores brabas que me acometem.

E esse não é o maior problema. O maior problema é que, quando corro à prateleirinha de remédios em busca de qualquer substância capaz de me dopar e afugentar a dor, está lá o brilhante atroveran. A visão do remédio nessa situação me basta para, imediatamente, despertar das profundezas da memória aquele jingle entoado pelos jurados do "Show de Calouros": "ai, ai, ai, aaaai, como sofri/ com uma cóli-ca/ quase morriiii/ se bem que logo atroveran tomei/ a dor se foi/ eu melhorei!"


No meu caso, a dor não se vai tão depressa, mas acaba desaparecendo. Já a musiquinha fica… E quero ver quem vai conseguir se livrar dela depois de ler esses versos!
Garotas que dizem Ni


Nenhum comentário: