segunda-feira, 14 de abril de 2008

E LÁ SE VÃO NOSSOS DADOS

Tábuas cuneiformes, os manuscritos do Mar Morto e livros podem ainda ser decifrados após séculos. Mas fitas cassete, cartuchos de Atari, laserdiscs, discos de 78 rotações e floppy discs da era moderna podem ter informações virtualmente irrecuperáveis, numa grande ironia do mundo digital. Arquivos digitais, como outras mídias, se desgastam com o tempo. Um hard-drive típico de baixo custo dura cinco anos. CDs e DVDs não existem há tempo bastante para avaliarmos se irão durar um século, mas estudos indicam que durarão apenas 20 anos. E bits escritos em um disco que sobreviveu completamente intacto podem enfrentar um obstáculo muito maior. A velocidade da inovação tecnológica sugere ser improvável que as pessoas tenham equipamento para ler a mídia ou software para entender os formatos dos arquivos em dez anos - que dirá um século. "Em 20 anos, os CD players de hoje não existirão - a mesma coisa que aconteceu com os drives de floppy disks", diz Michael Killian, engenheiro de uma prestigiada empresa de armazenamento de dados. A solução, diz o Boston Globe, lembra Sísifo. Como o homem na mitologia grega que empurrava uma rocha até o alto de uma colina para ter de começar tudo de novo depois que ela despencava morro abaixo, a mídia digital tem de ser constantemente atualizada e transportada para novas mídias. Se você guarda floppy disks no fundo de uma gaveta, está na hora de jogá-los no lixo. O mesmo para os hard disks, aquelas coisinhas transportadoras de vírus. A vida virou um interminável backup.
Revista da Semana

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