terça-feira, 27 de agosto de 2013

BEBIDA FAVORITA - VOCÊ AINDA VAI TER UMA

Cada um precisa descobrir, em algum momento da vida, qual é a sua bebida favorita. Aquela que, mesmo que não seja o símbolo da elegância, faz o mundo todolembrar você. Aquela combinação feliz de ingredientes que faz os olhos brilhar e esquenta a alma. Talvez por isso a gente tenha aqueles dias em que “hoje preciso tomar uma” e aquela sensação de felicidade plena e relax total depois do primeiro gole.

Se você ainda não tem sua bebida favorita, fui atrás do que algumas celebridades pedem (ou pediam) numa mesa de bar, para te inspirar: 
  • Frank Sinatra – Jack Daniel’s
  • Marilyn Monroe – Champagne Dom Pérignon 1953
  • George Lucas – OldFashioned (com Spielberg para ‘ativar a memória’)
  • Winston Churchill – Johnnie Walker Black Label
  • Zeca Pagodinho – Cerveja (em quantidade descomunal)
  • Queen Elizabeth – ChartreuseJaune (amarillo)
  • Ozzy Osborne – Champagne Cristal
  • Danny DeVito - Limoncello
  • John Fitzgerald Kennedy - Mojito
  • Ernest Hemingway – Daiquiri Doble
  • Paris Hilton – Tequila
  • Lindsay Lohan - Vodka
  • George Clooney – Vermouth Martini
  • Britney Spears – Dom Perignon, Grey Goose com soda, Margarita (u-hu!)
  • Príncipe Harry – Champagne eCrackbabyCocktail
  • John Wayne - Tequila SauzaConmemorativo
  • Lula da Silva – Cachaça
  • Madonna - Martini de romã (com vodca StoliBlueberi)
  • Kiefer Sutherland - Jade Mistress (coquetel com vodka com infusão de pimenta, maçã e folhas de manjericão)
  • Charlize Theron - PomegranateBlossom (vodka limão, suco de romã, açúcar, limão)
  • Eva Mendes - Pink Elephant(vodka, gengibre, frutas vermelhas, conhaque, suco de abacaxi, suco de cranberry, açúcar)
  • Amy Winehouse – de tudo um pouco
  • Eu – Margarita
Olha elas aí - as margaritas. :9
Um dia experimentei e me apaixonei. É aquele tipo de bebida para quem gosta de ficar alta, mas sem perder o controle. Uma misturinha doce e azeda (sweet’n’sour!) que não tem como não amar. Meus momentos 'ela' são curtinhos, porém especiais; deixo tudo arranjado: dos compromissos para o dia seguinte (que não vou fazer, lógico) ao acerto com meu namorado de que ele vai ser o amigo da vez.

No Recife conheço apenas dois lugares que oferecem Margaritas perfeitas: os bares Guadalupe Cocina Mexicana (com uma parede imensa lindamente ilustrada pelo querido Pedro Melo) e o Boratcho, ambos no bairro de Boa Viagem. Além de boa bebida, ambos oferecem comidinhas deliciosas e um ambiente um pouco barulhento, mas ótimo para ir com os amigos. Se alguém conhecer outro, por favor, me avisa que vou conhecer feliz.

Dá pra viver sem uma bebida favorita? Dá, mas posso afirmar que o ‘bora tomar uma’ nunca mais será o mesmo quando você tiver a ‘sua’ bebida favorita. Imagina cada amigo pedindo uma bebida quando saírem e você tendo a chance de experimentar cada uma. Um belo dia você diz “Eureka!” e você encontra sua bebida predileta. Ou ela te encontra.Porque as bebidas são assim, democráticas: nos cercam e nos mesclam, nos cruzam e nos reencontram e, às vezes, nos amontoam e nos confundem. 

Texto publicado no site Blumenews // www.blumenews.com.br

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

OBRIGAÇÕES

Às vezes dá nessas... Meu Dia dos Pais não foi tão triste desta vez – estava num estado emocional tão bom. Muita gente em casa – o que foi bom, mas também ruim porque me atrasei ainda mais com os afazeres de domingo.

Depois do almoço em família fui descansar a mente assistindo um filme que meu namorado me emprestou, “Os sete psicopatas” – e não prestou. Ai um saco. Daí que ele – meu amor - conseguiu vencer minha falta de vontade de fazer exercícios e fomos correr – ele, porque eu só dei uma caminhada rabugenta.

À noite, fiquei lá assistindo ao Fantástico e lendo revista enquanto deveria:

1. Adiantar minhas aulas do semestre – faltam apenas algumas;
2. Procurar coisinhas fofas e diferentes na net para meu afilhado;
3. Dormir.

Mas me faltou vontade, me faltou coragem, me faltou tudo ontem.

Só me sobrou sono, multiplicado por 4. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

SATISFAÇÕES

Mudei de emprego, as aulas começaram, as manifestações continuam, só posto aqui os artigos que 'preciso' escrever para a coluna no Blumenews, mas, adivinha quem tá viva?

TOQUES RÁPIDOS PARA SUA CARREIRA - PARTE 1: AGIR OU FAZER NADA?

Lendo livros e artigos sobre carreira, sempre me chamaram a atenção expressões do tipo “tomar a iniciativa”, “ousar”, “ter atitude”. São características importantíssimas no mercado de trabalho, para não dizer imprescindíveis. Daí você se prepara, investe em seu lado ‘ousado’ – principalmente se você, como eu, tiver um lado negociador mais apurado e certa dificuldade em ousar devido a isso – lê mil artigos, acessa centenas de sites, assiste dezenas de palestras, faz cursos e pipocam ideias para seu negócio. Elas ficam lá, na sua cabeça, borbulhando, prontas para serem ditas pra alguém, pra equipe e, quem sabe, aplicadas. É isso! Esse é o perfil! Agir! É o que as empresas querem!

Porém, a minha experiência profissional me mostra que, apesar de as empresas não terem dúvidas de que querem profissionais proativos, elas não estão preparadas para eles. O profissional se vê em uma situação em que ele pode tomar a iniciativa e fazer a diferença ou tomar a iniciativa e tomar no ser mal interpretado. Criticar uma decisão, depois de tomada, e por quem não a tomou, é bem fácil. E nem sempre feita com dignidade. Por exemplo: o chefe que condena aquele funcionário que tomou a iniciativa de devolver o garrafão de água mineral porque a água estava turva (é, já vi disso.). Outro exemplo: o diretor que não acredita na palavra do gerente quando este afirma que sua equipe tem total condição de dar conta do evento (e pra que mesmo o gerente foi contratado?) e acaba contratando uma pessoa para ajudar sem necessidade, com o custo saindo do budget já apertado da área.

Se for pra ser assim, então é melhor ficar calado? Deixar que pessoas ‘mais preparadas’ opinem, critiquem, façam. Ou mais corajosas? Assim, o ‘colaborador’ deixa de ganhar, no mínimo, uma baita dor de cabeça. É um alívio, o colaborador segue fazendo o que foi pago para fazer, bate o ponto às 18h e segue feliz. Por outro lado, ele se desmotiva aos poucos porque percebe que não pode contribuir com idéias, opiniões. E crescer. O mercado não dá mais espaço para gente assim. Chega a ser revoltante em algum momento: que trabalho ruim é esse onde você vê o que está errado e não pode falar nada? Tem que fingir que está tudo bem, quando na verdade você entrou na empresa para levar um pouco de você para ela, contribuir, construir, crescer junto, e é claro que há muita coisa para se melhorar ali. Tem que aceitar as coisas na empresa como elas são.

Eu já fui de agir. Minha natureza é essa. Mas, confesso que todas estas experiências me ensinaram a meter menos o nariz onde não sou chamada. A não ser que a empresa deixe bem claro que ela entende realmente este processo de participação, não faça nada. Fique na sua. Lute por outras causas para compensar esse desgosto. E, um pouco antes de chegar ao fundo do poço, procure um emprego novo.

Texto publicado no site Blumenews // www.blumenews.com.br

ENTRE O CÉU E O INFERNO DA SALA DE AULA

Quando comecei a dar aulas, há alguns anos, ainda inexperiente, uma das primeiras coisas que pensei foi: será que vão acreditar em mim? Eu não aparento a idade que tenho e isso poderia me causar problemas. E causou, mas aí eu já era uma veterana em sala de aula. Voltando às minhas primeiras turmas, todas foram extraordinárias, mas, como o primeiro sutiã, jamais esquecerei as duas primeiras, que peguei simultaneamente no segundo semestre de 2009. Uma delas tinha 80% de mulheres, a outra 90% de homens, mas ambas extremamente carinhosas e ansiosas para terminar o curso (estavam no último período e por muitos anos meu desafio foi chamar a atenção deles para as minhas disciplinas em meio ao TCC).

Reprovei um monte de gente, confesso. Mas, cara, eles, meus alunos, sabiam que eu tinha feito tudo o que eu podia para ajudar aqueles que mereciam. E qual era o requisito? A formulazinha mágica de qualquer professor: participação + assiduidade + interesse. Viram que eu não citei “inteligência”? Professor não passa aluno por inteligência; estes passam sozinhos. Ser inteligente e não ter interesse não é suficiente. Ser inteligente e não ter dúvidas não existe. A joia rara que nunca assistiu a uma aula minha e tira nota 9,0 na prova, foi mais por trambique do que por inteligência.

No quesito participação, alguns alunos me emocionaram. Uma, manicure, não tinha intimidade com computadores. E estamos falando da disciplina de Marketing Digital. Ao final do primeiro dia de aula, ela me procurou e me contou que não tinha computador e (já) estava preocupada com disciplina. Sugeri a ela treinar em uma lan house perto de casa ou pedir emprestado o notebook de algum parente. Ela pegou um emprestado da irmã e treinou. Treinou. Treinou. Fez todos os trabalhos, as provas. E passou. Por média. E eu tive a oportunidade de lhe dar meus parabéns. Muitos dos meus alunos assíduos nas redes sociais não chegaram aonde ela chegou.

Outro caso que deixou meu coração apertado foi num dia de prova final numa turma de último período. Tinham uns seis alunos em sala e uma delas, assim que terminou a prova, me pediu para ajudar um rapazinho pequeno e franzino sentado lá na frente. Contou que a história de vida dele era de muita luta, que ele vivia no Recife sozinho, só via a família a cada 15 dias. Não tinha casa; dormia no estoque da loja onde trabalhava. Eu já tinha juntado as peças. Ele não era participativo em sala de aula, mas sempre estava lá, sentado na frente, prestando atenção, muitas vezes sendo o último a sair. Esperei os demais terminarem as provas e fui até ele. Apoiei-me numa cadeira ao lado e comecei a incentivá-lo a raciocinar sobre cada questão, fazendo-o relembrar o que viu em sala – tomando o cuidado de fazê-lo ‘construir’ a resposta por ele mesmo, ‘dar’ a resposta seria fácil demais, pra mim e pra ele. Ele estava sempre lá, em sala de aula, iria se lembrar de tudo. Ele não se lembrou de tudo exatamente, mas o suficiente para passar.  E eu tive a oportunidade de lhe dar meus parabéns.

Em 2013, pela primeira vez, tive oportunidade de dar aulas para uma turma de primeiro período. Uma turma pequena, atenta, e muito divertida. Eles me permitiram dar aulas leves e falar coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar – coisas que só uma turma excelente consegue tirar de um professor. Eu os olhava e via o brilho nos olhos daquele povo que começa com todo gás, cheios de sonhos, de energia, e já preocupados com o TCC, tadinhos. Alguns não passaram por média e nos encontramos no dia da prova final. Eu estava mais confiante neles do que eles na prova. Eles precisavam de poucos pontos para passar, mas estavam bem nervosos. Faltava apenas uma aluna chegar para iniciarmos a aplicação da prova, mas soubemos que ela estava doente e não poderia ir. “Sem problemas”, pensei. Iniciei a prova com eles na certeza de que ela viria outro dia quando estivesse melhor para fazer sua prova final somente comigo. Semanas se passaram e nada de contato. Ontem recebi a notícia de que ela faleceu, depois de longas semanas internada. Eu não a conhecia a fundo, mas lembro do que ela me disse no primeiro dia de aula: quero me formar para ter uma vida melhor. Ela teve, tenho certeza, apesar de tudo, apesar do pouco tempo. E eu não tive a oportunidade de lhe dar meus parabéns. Querida Lucimone, onde quer que esteja, parabéns. Pelas decisões honrosas que tomou, pela coragem, pela alegria, pela qualidade dos amigos, do amor pela família, dos sonhos. Eles não acabaram, foram apenas adiados por um plano maior que alguém que te ama demais preparou para você.

*Este texto é uma homenagem à aluna Lucimone Melo, falecida no dia 13 de julho de 2013.

Texto publicado no site Blumenews // www.blumenews.com.br