quarta-feira, 14 de abril de 2010

DETALHES

Sempre o intrigava o índice de acerto de um determinado policial. A maioria dos suspeitos que ele conduzia à delegacia tinha culpa no cartório.
Então o delegado resolveu tirar a limpo o método do vigilante numa ocorrência.
- Que vacilo o suspeito cometeu para chamar sua atenção? – perguntou o delegado à queima-roupa.
- Não olhou para mim - respondeu secamente o guarda.
- E isso é suspeito? - indagou o delegado.
- Muito suspeito, doutor.
Foi o máximo que conseguiu extrair do taciturno policial, que não se enganara mais uma vez. O sujeito era um foragido.
Noutra noite, o delegado voltou à carga.
- Já sei, este também não olhou para você - apontou para um suspeito parado para averiguação. Portava drogas.
- Não, doutor. Esse olhou.
- E isso é suspeito?
- Muito suspeito, doutor.
Aquele mistério estava consumindo o delegado por dentro. Se um sujeito olha, é suspeito. Se não olha, também. Qual o critério? Na diligência seguinte, não deixou barato:
- Muito bem, hoje você vai me explicar direito por que desconfiou desse ladrão de carro que trouxe para cá. Como soube que ele estava puxando o táxi?
- Ora, doutor, tava na cara.
- Como assim?
- O senhor já viu motorista de táxi de boné?
- Não.
- Pois é, mais bandeiroso que isso só carro de test-drive rodando à noite.
Naquele instante o delegado se convenceu que tem gente que nasce para a coisa.
Não tem explicação.
É triste viver de humor

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