quinta-feira, 30 de outubro de 2008

QUEM CATEGORIZA

Uma pesquisa recente apontou que o Brasil é um país onde a maioria das pessoas é de classe média. Você acredita sinceramente que uma pessoa que ganhe um salário de mil e seiscentos reais é “classe média”? Para a pesquisa, é. E tome manchetes. Em minhas palestras utilizo vários exemplos de como as estatísticas e os números absolutos são usadas para manipular a opinião pública. Um que gosto muito capturei numa edição da Gazeta Mercantil de 30 de abril de 1999. O texto dizia assim: “O Indicador do Nível de Atividade da indústria paulista caiu 5,7% em março de 1999, em comparação a março de 1998. Em relação ao mês passado, fevereiro de 1999, o crescimento foi de 2,67%.” Analisando o texto pela comparação março de 1999 com março de 1998, o título seria “Nível de atividade da indústria cai 5,7%”. Se a comparação fosse feita entre março de 1999 e fevereiro de 1999 o título seria “Nível de atividade da indústria sobe 2,67%.”. Qual título você acha que foi publicado? Claro que o “cai 5,7%”, não é? Título correto, mas que ganha outro significado quando analisamos as tendências. É impossível analisar uma estatística sem conhecer o contexto. É impossível contar alguma coisa sem defini-la, categorizá-la, sem traduzi-la para indicadores que possam ser medidos. E quem define e categoriza as coisas? Quem definiu que mulato é negro? Quem definiu que mil e seiscentos reais é padrão para classe média? E essa categorização foi feita com que objetivos? Prestem atenção, meus amigos! Quem define e categoriza o que será medido pode manipular qualquer resultado estatístico.

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