sexta-feira, 29 de agosto de 2008

MAIS SOBRE AQUELA TAL FELICIDADE

Sem querer, voltei ao tema de ontem. Senhoras e senhores, desculpem, mas, eu não pude me conter quando Fred me mandou este texto da Leila Ferreira e percebi o quanto tem a ver com uns dois ou três post deste humilde blog, falando dos 'meus pequenos momentos de felicidade'. Taí mais uma que acredita. Se você não acredita, sugiro rever seus conceitos. Pra ser feliz.
Felicidade COM MINÚSCULAS
'A felicidade é a soma das pequenas felicidades': li essa frase uma vez num outdoor em Paris e nunca me esqueci dela. Na época, eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas, de que tanto se fala, não existia. Mas não sabia o que colocar no lugar dela: afinal, sonhamos com a grande felicidade desde que nos entendemos por gente e, de repente, imaginar que ela não existe, que é uma espécie de Papai Noel que aguardamos de janeiro a dezembro, deixa um vazio grande dentro da gente. Quando li a frase do outdoor, uma ficha básica caiu. Entendi que a felicidade, ao contrário do que pregam os pessimistas, existe sim. Só que, ao contrário do que pintam os otimistas, ela não vem no superlativo. A grande felicidade dos finais dos contos de fadas e dos filmes de Hollywood só é possível nos contos de fada e nos filmes de Hollywood. Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Uma pequena alegria aqui, outra ali, uma surpresa que nos faz ganhar o dia (e não necessariamente o mês), um encontro que ilumina um final de tarde ou uma tarde que ilumina a vida. São momentos, pedaços, fatias.
Depois que entendi isso, tudo ficou mais fácil – e mais possível. Não espero mais pelos dias perfeitos que a grande felicidade promete trazer. E uso o 'quando' com mais moderação: quando eu tiver o melhor emprego do mundo, quando eu encontrar o amor perfeito, quando eu emagrecer, quando eu tiver um filho, quando meus filhos crescerem, quando eu me aposentar, quando eu terminar meu mestrado, quando, quando, quando... enquanto a gente vai empilhando os 'quando', esperando aquele acontecimento ou aquele momento mágico que vai nos proporcionar a felicidade com letras maiúsculas, a felicidade homeopática passa e a gente não nota. Os momentos que poderiam ser especiais, ou especialíssimos, passam batidos porque estamos esperando a mega sena acumulada, a felicidade acumulada, a explosão hollywoodiana de alegria.
Tenho tentado ao máximo não ficar distraída. Quero, a cada minuto, prestar atenção, olhar, ouvir – ficar atenta a todos os sinais de felicidade: que seja a alegria modesta de tomar a primeira xícara de café da manhã, o prazer discreto de ler um livro que não é uma obra-prima mas nos faz sonhar, a sensação agradável de reencontrar nossa primeira professora, a possibilidade de brincar por meia hora com uma sobrinha que mora longe e que a gente ama, a leveza de pôr a cabeça no travesseiro e pensar que estou com saúde, que minha mãe está viva e que o dia seguinte vai nascer cheio de incógnitas e de promessas. Mais um dia pra gente ter a chance de ser, varias vezes, minimamente feliz.
Não sei se você concorda. Não sei se a soma das pequenas felicidades é uma operação matemática muito modesta pros nossos tempos. Talvez me falte ambição. Ou talvez eu tenha a maior ambição de todas, que é ser feliz... sem ser exatamente feliz. Faz sentido?

Um comentário:

Anônimo disse...

A felicidade é o encontro da pessoa consigo mesma. O que se procura, via de regra, é prazer. Isso a megasena pode dar de sobra. Os sábios já induziam as pessoas a se conhecerem a si mesmas. Alguns acham que se conhecer a si mesmo é saber o tipo de cerveja de que mais gosta, ou o tipo de pessoa pra namorar ou casar, ou o tipo de roupa que lhe senta melhor, ou o gênero de literatura ou filme que mais lhe agrada, e por aí vai. Não é nada disso. Quando a pessoa se descobre já é o suficiente; e,aí, já pode morrer em paz. Mas é uma raridade. Sabe o que é pior: é você conviver com pessoas que não se conhecem e, pior ainda, não têm a pretensão para tal. Digueaí!