terça-feira, 29 de julho de 2008

NUNCA

Por que as pessoas que morrem nunca deixam dicas mais óbvias para o pessoal que terá de procurar sua causa mortis?

Eu, por exemplo, teria uns dez itens de coisas escritas n’algum canto, tipo a lista do NUNCA. Mais ou menos assim:

1) Nunca me mataria. Tenho uma filha linda, que já deu sentido a ela. Portanto, estou por aqui fazendo hora. Mas jamais, nunca mesmo, faria sofrer as pessoas à minha volta.
2) Se me encontrassem asfixiada nunca seria por gostar de sexo com travesseiro na cara. Marcas de tortura de qualquer gênero deveriam ser encaradas como isso mesmo: tortura. Eu nunca apanharia por vontade própria.
3) Eu não uso drogas. Nunca morreria de overdose. Se acontecesse, teria sido induzida ou forçada.
4) Não ando em quebradas. Se encontrassem meu corpo muito distante do perímetro onde moro, pode saber: alguém fez aquilo.
5) Não tenho dinheiro. Morrer num tiroteio na rua até que é provável, bem como ser atropelada, morrer em um latrocínio etc.
6) Adoro pedir comida pelo telefone. Mas moro com minha mãe e ela não deixa. Veneno, então, nunca seria algo natural. E, como aos 32 o corpo ainda não precisa se preocupar com doenças crônicas do coração, o médico deveria pensar nessa hipótese se dissessem que foi um ataque cardíaco.
7) Afogamento é algo impossível de acontecer num apartamento com o banheiro tão apertado. Nunca seria plausível.
8) Brigas passionais também estão descartadas. Nunca. Posso ficar brava de vez em quando, ser linha dura e tal, mas nenhum mal seria feito por mim para elas e vice-versa.
9) Há a zarabatana de curare, mas meus vizinhos nunca teriam o hábito de usá-las. Se bem que, depois de tanto CSI, me sinto pouco inclinada a abrir a janela.
10) Sobra o incêndio, esse sim, plausível. Afinal, quem brinca com o fogo sai queimado, não? Mas eu não começaria. Eu nunca começo.

Arrastão

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